O Ministério da Educação (MEC) deve divulgar nesta segunda-feira (10) os nomes dos estudantes que estão na lista de espera a uma vaga nas universidades públicas, disponibilizadas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) neste primeiro semestre de 2020. A divulgação será diretamente para as instituições de ensino, que deverão convocar os candidatos aprovados.
O cronograma inicial previa que a divulgação da lista ocorreria na sexta-feira (7).
No entanto, os nomes não chegaram às universidades ou houve uma lista errada – ao menos sete universidades e institutos federais adiaram a convocação.
No mesmo dia, o MEC informou em nota que havia adiado o cronograma e que a divulgação estava prevista para segunda-feira (10), sem justificar o motivo da mudança. Procurado pelo G1, o MEC não deu retorno até a mais recente atualização desta reportagem.
O Sisu usa notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para selecionar os estudantes. Após os erros apontados na correção dos gabaritos do exame de 2019 – que o MEC chamou de “inconsistências” –, o Sisu passou a enfrentar diversos problemas (leia mais abaixo).
O prazo para que os estudantes que não foram classificados na primeira chamada manifestassem interesse em entrar na lista de espera terminou na terça-feira (4). Na quinta (6), houve relatos em redes sociais de que o sistema do MEC não considerou as inscrições daqueles que escolheram apenas uma opção de curso.
A edição do primeiro semestre de 2020 do Sisu teve 1.795.211 pessoas inscritas, que realizaram 3.458.358 inscrições (cada candidato pode tentar até duas opções de curso em busca de uma vaga). Estavam em disputa 237.128 vagas em 128 instituições de ensino superior públicas em todo o país. Quem não foi selecionado aguardava entrar na lista de espera para conseguir a vaga caso tivesse alguma desistência.
Problemas no MEC: do Enem ao Sisu
O MEC enfrenta uma crise desde o início deste ano devido aos erros relacionados à correção Enem 2019. Em novembro, após a realização das provas, Weintraub chegou a afirmar que aquele havia sido “o melhor Enem de todos os tempos“.
Dois meses depois, o ministro admitiu o erro na correção do exame, que ele chamou de “inconsistências“. O erro afetou quase 6 mil candidatos, e levou à suspensão judicial da abertura das inscrições do Sisu. Em meio ao imbróglio judicial, os resultados chegaram a ser disponibilizados enquanto ainda deveria estar suspenso. O MEC confirmou o erro e disse que as listas ficaram “disponíveis por alguns minutos”.
Após a liberação oficial dos resultados da primeira chamada, candidatos apontaram mais um erro: o sistema estava considerando alguns candidatos aptos para duas opções de cursos, o que elevaria as notas de corte, segundo eles.
Dias depois, candidatos que não haviam sido aprovados na primeira chamada relataram problemas na lista de espera, porque não conseguiam selecionar a opção.
No fim de janeiro, a Defensoria Pública da União (DPU) questionou na Justiça uma série de mensagens do ministro da Educação em uma rede social. Em meio à crise do Enem, Weintraub respondeu no Twitter ao pai de uma aluna que solicitou a revisão da nota da filha. Para a Defensoria, houve uma “seriíssima ofensa ao princípio da impessoalidade, pilar da Administração Pública”.
Nesta terça-feira (4), a Comissão de Educação do Senado aprovou um convite ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, para prestar esclarecimentos sobre os erros no Enem, que acabou refletindo também no Sisu.