Lauro de Freitas é um território multicultural, onde a arte é resistente e reside em todo canto, inclusive, com a música instrumental, isso mesmo, temos jazz em Lauro, o Bago de Jazz, quarteto que nasceu aqui e que está fazendo sucesso por onde passa, quebrando tabus “culturais” em torno do jazz, que para a maioria das pessoas, ainda é um estilo rebuscado, elitizado e burguês. Entretanto, a turma do Bago de Jazz rompe esses conceitos e populariza este segmento. Atualmente considerados como uma referência neste sentido. A nossa conversa será com o jornalista, escritor, produtor cultural e músico, o nosso a migo Márcio Wesley, nascido e criado em Lauro de Freitas, como ele faz questão de dizer.
Todas as quartas-feiras o Bago de Jazz se apresenta na Estação da Lapa, a partir das 18h, no meio do turbilhão e do vai e vem de milhares de pessoas. A iniciativa virou point cultural. A ação é do próprio quarteto, inspirados na música de rua e nas estações de metrô do mundo, onde artistas se apresentam e o público colabora da forma que quiser, colocando dinheiro no chapéu ou comprando o disco da banda.
“É impressionante, não consigo explicar a energia positiva emanada pelas pessoas na Estação da Lapa, a troca de emoções entre artista e público é de arrepiar. Certa vez, vi uma senhora chorando e perguntei para ela o que estava acontecendo? Ela respondeu: “fui tocada por vocês, eu não sabia que gostava de música instrumental”. Semana passada um jovem que parecia ser um morador de rua, passou discretamente e deixou algumas moedas no chapéu, provavelmente agradecido pela música”, lembrou Wesley, emocionado com a cena.
A arte precisa chegar mais próxima das pessoas e em lugares públicos, nas ruas, praças e estações de ônibus, metrô e escolas, explica o músico e jornalista. “O Brasil vem passando um nevoeiro de negatividade: violência, crise econômica, desemprego, corrupção, catástrofes, precariedade dos serviços públicos e tantas outras coisas que nos deixam para baixo. Quando assisto um telejornal, tenho a sensação de que o nosso país está acabado e que não tem mais solução. São tantas notícias ruins e negativas que ficamos com baixa autoestima. No jornalismo sempre optei em matérias ou pautas positivas, acho que a arte me deu esse estimulo. Não é uma máscara, onde fingimos que está tudo bem, mas a arte nos faz enxergar uma luz no final do túnel, nos faz identificar o coração e as almas das pessoas, as coisas boas e positivas produzidas pela sociedade.
A arte nos faz pensar, alivia as dores, acalma, proporciona a capacidade de questionar e analisar de forma racional as situações postas. Portanto, a força de projetos artísticos sejam eles ligados a música, literatura, dança, arte plásticas, teatro, cinema, enfim, elava as nossas almas e nos faz pessoas positivas, proativas, pacificas e centradas. Acredito que a arte nos deixa menos depressivos e mais confiantes, menos submissos e mais autênticos. Pois, ao invés de ficarmos na arquibancada reclamando, partimos para cima, como a história do Beija-flor apagando o incêndio”, explica Márcio, um cara proativo e conhecido na cidade pela capacidade de gerir projetos culturais interessantes. No jornalismo sempre preocupado em manter acessa e resguardada a histórica da sua terra natal através de entrevistas com personalidades que marcam e marcaram a história de Lauro de Freitas.