Comunidades tradicionais ligadas ao culto de matriz africana realizaram na noite desta quinta-feira (22), o rito ancestral conhecido como Alvorada dos Ojás.
O evento aconteceu no Centro de Referencia da Cultura Afro-Brasileira, no terminal turístico Mãe Mirinha de Portão em Lauro de Freitas.
Autoridades religiosas, pais e mães, filhos e filhas de santo e simpatizantes da religiosidade africana, advindos de diversos bairros da cidade, celebraram a ancestralidade, amarrando panos brancos nas arvores, denominados de ojás.
A tradição é milenar e segundo o pós doutor em antropologia e professor da UFBA, Vilson Caetano, o ato de vestir a árvore, constitui-se numa reverencia ao primeiro corpo ancestral. Caetano explica que antes mesmo do corpo humano, as árvores já eram compreendidas como corpos vivos e assim sendo tornou-se ancestral para a filosofia africana.
No passado recente, ainda segundo Vilson Caetano, as árvores eram preparadas. Havia todo um ritual. Banhava-se, vestia-se e em seguida, se fazia as oferendas. Uma verdadeira reverencia àquele ancestral. Hoje com o advento da urbanização, manteve-se apenas a amarração dos ojás.
A Mameto Camurisi, Lucia Neves, uma das mais importantes lideranças religiosas da Bahia, mãe de santo do Terreiro São Jorge Filhos da Goméia, iniciou o rito fazendo saudações aos orixás Oxosse e Ogun. A Yalaxé Ana Luzia e a Mameto Cacau, saudaram as yabás e rememoraram a lutas dos Malês as margens do Rio Joanes.
A Alvorada dos Ojás é uma ação integrada ao novembro negro, projeto realizado pelo Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial e parceria com a SUPIR – Prefeitura de Lauro de Freitas.
Por: Ricardo Andrade.