8 Outubro 2011
CIDADE
O secretário estadual do Planejamento Zezéu Ribeiro esteve
em Lauro de Freitas no dia 22
de setembro para dizer que é a
favor da extensão da linha de metrô da
Paralela até Portão, mas que não basta
ter vontade política. “Existem implicações técnicas”, disse. “É preciso espaço, com pátio de manobra, maior volume de recursos e articulação deste terminal com o transporte urbano da cidade”, explicou, ao garantir que “estamos estudando todas estas variáveis”.
O governador Jaques Wagner (PT) disse à reportagem da Vilas Magazine, em agosto, que o metrô chegaria ao Km 3,5 da Estrada do Coco, na altura da segunda ponte sobre o rio Ipitanga. Naquele ponto existe hoje uma grande área ocupada pelos depósitos de uma loja de varejo.O posicionamento do governo foi revelado à platéia de cerca de 200 pessoas que compareceu à audiência pública organizada pela Câmara Municipal para reivindicar que o metrô chegue a Portão. Grande parte das pessoas que participaram da audiência, realizada no
Cine Teatro de Lauro de Freias, não costuma aparecer em eventos semelhantes. Nessas ocasiões, o público costuma ser formado por agentes públicos e pessoas que orbitam a administração pública. A grande afluência de populares é resultado de uma campanha organizada pelo presidente da Câmara Antônio Rosalvo no Facebook. Mais que discutir a
mobilidade urbana no âmbito do projeto
do governo estadual, Rosalvo convidou
as pessoas a ir defender o “metrô até
Portão”. Logo na abertura da audiência, o presidente da Câmara defendeu que “o
metrô da Paralela é metropolitano” e não
de Salvador, sublinhando que a avenida
Paralela não tem demanda própria de
passageiros para alimentar o sistema.
“A demanda da Paralela nasce em Lauro
de Freitas, em Portão”, afirmou com base
em dados da Queiroz Galvão durante
uma apresentação em que foi exibida
uma entrevista com a senadora Marta
Suplicy (PT). A senadora apresentou o conceito de “governo metropolitano”, propondo a criação de um novo ente federativo, acima da esfera municipal e abaixo da estadual, para gerenciar questões como saúde e transporte de massa, que dizem respeito a mais de um município numa região metropolitana.
Classificando as propostas apresentadas ao governo como “incompletas” por
não levar Lauro de Freitas em considera-
ção, Rosalvo demonstrou que todos os argumentos a favor do metrô na Paralela se aplicam “também ou principalmente” aos
problemas da Estrada do Coco: a poluição ambiental causada por milhares de ônibus em circulação, o congestionamento permanente, a explosão da frota veicular, que
dobrou nos últimos seis anos, a expansão
imobiliária e os novos pólos geradores de
tráfego de passageiros.
A prefeita Moema Gramacho (PT) também disse que o problema de transportede massas tem que ser pensado numa perspectiva metropolitana: “o metrô tem
que chegar a Portão”. Mesmo que não
num primeiro momento, mas “o projeto
tem que ser pensado para isso desde já”,
afirmou. A prefeita foi mais longe do que
nunca, dizendo que o ideal é que em Lauro de Freitas “só circulem micro-ônibus” destinados a alimentar o metrô.
Completamente alheios a essa realidade, diversos debatedores com
assento na mesa preferiram ater-se aos
problemas de Salvador, remoendo a já
resolvida questão do corredor de ônibus
anteriormente proposto. O vereador Jorge Jambeiro, representando a Câmara Municipal de Salvador, chegou a apresentar à platéia o projeto já descartado pelo governo estadual.
Um excesso de pronunciamentos oficiais abordando temas alheios à audiência
acabou por desperdiçar a presença de Zezéu Ribeiro e uma preciosa oportunidade para aprofundar a concepção do metrô Governo estuda variáveis técnicas para levar metrô até o bairro de Portão Moema Gramacho defende que apenas micro-ônibus circulem em Lauro de Freitas.