Na década de 30 do século passado o rádio deixa de ser um meio de comunicação utilizado exclusivamente pelas elites e transforma-se num veículo de comunicação de massa. Surfando nessa onda, Getúlio Vargas inaugura no país a utilização desta ferramenta de comunicação como um dos mais importantes meios de “publicização” da agenda positiva do governo.
Recordando que vivíamos numa ditadura e o controle e censura da informação era realizado de forma rígida pelo estado através do famigerado Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Também são exemplos de políticos que utilizaram de forma inteligente e exitosa a mídia rádio o comunicador Carlos Lacerda e Leonel Brizola. Este último utilizou de forma magistral o rádio para promover a Campanha da Legalidade, que foi fundamental para a garantia da posse de João Goulart em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros.
Paralelamente, em 20 de janeiro de 1951 Assis Chateaubriand inaugura a primeira emissora de TV brasileira, a TV Tupi. Mas a popularização da TV começa a ocorrer mesmo nos anos 60. E o grande marco foi a transmissão ao vivo dos jogos da Copa de 1970. Nos meses anteriores, milhares de brasileiros foram às lojas de eletrodomésticos adquirir seus aparelhos de TV.
O link com a política é iniciado com propagandas na TV do então candidato Jânio Quadros. Mas foi somente em 1989, com a redemocratização do país, que a TV começou a reinar como o veículo de comunicação com o maior poder de impulsionar a imagem de um candidato.
E eis que no ano de 1988 a internet chega ao Brasil através de uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).
Mas o “mundo político” no país só despertou para o poder da internet numa campanha eleitoral após a eleição vitoriosa de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos da América, em 2008. Com uma campanha consistente na internet, Obama conseguiu o máximo de visibilidade possível.
E, atualmente, o escândalo do Facebook, devido ao uso indevido de dados pela Cambridge Analytica de 87 milhões de usuários da rede social em todo o mundo, reconhecido oficialmente pela empresa de Mark Zuckerberg, beneficiou a campanha de Donald Trump, influenciando o eleitorado norte-americano. Mas não é novidade que a guerra digital é uma realidade na política.
Mas errará quem apostar todas as suas fichas na campanha de 2018 na internet. Inclusive, alguns candidatos com grande exposição nas redes sociais estão apostando nesta fórmula.
Creio que a chave do sucesso para uma campanha exitosa é a complementaridade, com peças interessantes para rádio, TV, informativos impressos, internet, campanha de rua e, obviamente, um candidato competitivo.
Na Pesquisa Brasileira de Mídia 2016, a TV é líder absoluta, com 89 %; já a internet aparece com 49% das menções, na frente de rádio (30%), jornal impresso (12%) e revistas (somente 1%).
O problema da internet é que não há limite e muitos profissionais de campanha priorizam a quantidade de posts. Como as redes sociais não têm limites, muita gente não faz o corte adequado.
Há outro fator relevante a ser levado em consideração. Mais de 61,7 milhões de eleitores têm entre 25 e 44 anos, o que representa cerca de 42% do total.
E, principalmente a turma teen, tem uma expectativa muito imediata da coisa. A internet passa a informação muito rápido. E eles vão esperar um programa de TV que vai acontecer à noite? E cada vez essa geração influencia mais. A decisão do voto deixou de ser uma imposição do pai, com a batida frase: “nós vamos votar no deputado tal, porque ele é gente boa e é meu amigo”. Hoje, quando ele fala um nome o filho vai na Internet pesquisar e diz: “Pai, esse candidato que você sugeriu já passou por um escândalo”. Chegou a época de o filho propor ao pai. E isso precisa ser levado em consideração.
E assim caminha a humanidade.
*Robson Wagner é diretor-executivo da W4 Comunicação
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