Resistência e identidade cultural marcam a abertura do Fórum Social Mundial em Lauro de Freitas
As cores, sons e ritmos da Bahia se misturaram com o encanto e beleza das mostras culturais de oito nações da África. Os espetáculos, que fortaleceram o sentimento de identidade, pertencimento e fez referências a ancestralidade negra marcaram a abertura do Fórum Social Mundial (FSM), na tarde desta sexta-feira (16), em Lauro de Freitas.
No palco da Escola Municipal 2 de Julho, na Itinga, o grupo de Ogãns abriu o evento onde a troca de conhecimento e vivências eram as palavras de ordem. Com seus atabaques e agogôs os jovens fizeram uma saudação aos Orixás acompanhados de cânticos na língua iorubá. Na sequência, as Bejuzeiras de Areia Branca apresentaram o genuíno samba de roda e fizeram as barras das saias girar para exaltar a força e o trabalho feito pelas mãos femininas atravessando gerações e se mantendo vivo assim como as tradições. “Enquanto rala o coco a gente canta, tudo fica mais leve”, contou Tatine Silva.
O intercâmbio cultural seguiu com pitadas de emoção com a apresentação teatral do poema Navio Negreiro, de Castro Alves, encenado pelo Pólo de Atores de Lauro de Freitas. “Esta cidade está conectada ao projeto que dá a oportunidade para as pessoas discutirem o próprio destino, apontar os problemas e as possíveis soluções para um mundo melhor”, disse o professor da Unilab, Basllele Malomalo.
Com o tema Resistir e Criar, Resistir e Transformar, os garotos da Angola, componentes do grupo de dança Embaixada da África, trouxeram alegria e a animação dos ritmos do continente para o FSM. Okizomba, Guedra e Semba não deixaram a plateia parar e a energia gerada aflorou toda a cumplicidade que corre no sangue de baianos e africanos. “Além de me sentir acolhido, percebi as nossas semelhanças. As danças, as roupas folclóricas, os costumes, tudo é muito parecido”, declarou o estudante Eugênio da Silva, 24 anos. Ele é angolano e estudante de humanidades da Unilab.
A programação cultural cedeu espaço para as mesas temáticas de debate. Em três espaços diferentes, assuntos correlacionados ligados à educação antirracista, segurança, economia e desenvolvimento foram discutidos. Diretamente de São Paulo a professora e mediadora Maria Conceição França relatou projetos exitosos ligados a pedagogia para crianças no ensino fundamental, realizados há mais de quarenta anos em uma comunidade carente onde a cultura africana está presente até na matemática. “No início foi difícil, encontramos resistência até de professores, mas hoje temos na unidade dança com o projeto Afro Erê e atraímos os pais numa proposta de escola aberta, integral e integrada com a comunidade”, contou.
Neste sábado (17), as palestras, mesas redondas e debates do FSM continuam em Lauro de Freitas a partir das 9h, na Câmara de Vereadores, no centro da cidade, tendo o tema central Espiritualidade Africana e Afro-Diaspórica na construção de uma agenda pan-africanista em torno da Década Internacional da Afrodescendência. Já em Salvador, acontece o debate Ágora dos Futuros, também as 9h na UFBA. A palestra discutirá o futuro para 2018 e 2019. Os eventos fecham a agenda da 13* edição do FSM que teve início dia 13 na capital, atraindo mais de sessenta mil pessoas.
Fotos José Marcelino
Assessoria de Comunicação
PREFEITURA MUNICIPAL DE LAURO DE FREITAS
Site:www.laurodefreitas.ba.gov.br
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