Pelo menos dois secretários municipais e seis estaduais deixarão a Prefeitura de Salvador e o Governo da Bahia para concorrer a uma vaga legislativa no próximo dia 2 de outubro. O prazo final para que os gestores deixem a ocupação pública, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é 2 de abril, mesma data-limite para, quem não estiver filiado, ingressar em um partido.
O Jornal da Metrópole apurou que, no Palácio Thomé de Souza, apenas Eronildes Vasconcelos, atual titular de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), e João Roma (ambos do PRB) trocarão a gestão pela corrida eleitoral. Enquanto Tia Eron tenta viabilizar uma participação na chapa majoritária liderada por ACM Neto (DEM) – como postulante a senadora ou vice-governadora –, o atual chefe do Gabinete do Prefeito almeja uma cadeira na Câmara Federal.
A dupla deverá ser substituída por Átila Brandão Filho, ex-subsecretário da Semps – hoje diretor-geral de Fiscalização da pasta de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) –, e Luiz Antonio Galvão da Silva Gordo Filho, que já responde como imediato de Roma.
Antes dado como pretendente a uma das 63 vagas na Assembleia, o secretário municipal de Trabalho, Esportes e Lazer (Semtel), Geraldo Júnior (SD), deve permanecer no posto, a fim de disputar a presidência da Câmara de Vereadores em 2019.
Xadrez estadual
No plano estadual, o ex-governador Jaques Wagner (PT) sairá da Secretaria de Desenvolvimento Econômico para ser candidato ao Senado na coligação do governador Rui Costa (PT), que tentará a reeleição. A tendência é de que o seu chefe de gabinete, Luiz Gonzaga, assuma a titularidade da SDE, mas o nome ainda não está confirmado.
No Planejamento (Seplan), a expectativa é de que João Leão (PP), que pretende permanecer na vice-governadoria, passe o bastão para o seu aliado e chefe de gabinete Cláudio Ramos Peixoto. Outras mudanças confirmadas são as dos deputados estadual Vítor Bonfim (PDT) – secretário de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura – e federal Josias Gomes (PT) – comandante das Relações Institucionais –, que buscam a renovação dos seus mandatos.
A Seagri pode ter uma transição menos traumática, já que deve ser assumida pela chefe de gabinete, a ex-vereadora Andréa Mendonça. Além de ter experiência como secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação no governo Wagner, ela é irmã do parlamentar Félix Mendonça Jr., presidente estadual pedetista. Já a articulação política, como foi alvo de críticas de integrantes da base aliada durante boa parte da administração de Rui, não deve seguir a tendência de efetivação dos subsecretários ou chefes de gabinetes que ocorrerá na maioria das pastas. Em vez de Cibele Carvalho, a Serin ficará a cargo dos petistas, em que os nomes mais cotados são os de Cícero Monteiro e Cezar Lisboa.
Atual chefe de gabinete da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), Lisboa também é especulado a ser efetivado como titular da pasta, uma vez que Carlos Martins (PT) é aspirante a ocupar uma das 39 cadeiras de deputado federal pela Bahia. Tudo ainda vai depender de uma conversa do governador com o PT e os líderes dos partidos que compõem a base.
Também está pendente de diálogo a substituição na pasta de Desenvolvimento Urbano (Sedur). Já está definido que a secretária Jusmari Oliveira (PSD) tentará voltar a ser deputada estadual, mas quem ficará no cargo será definido em um encontro entre ela, Rui e o capitão do seu partido, o senador Otto Alencar, previsto para o fim de março.
“Manobra indecifrável”
A principal incógnita no troca-troca está na Educação. Membros do governo, ouvidos pelo JM, asseguram que o senador licenciado Walter Pinheiro é candidato a deputado federal, mas ele segue sem partido. A hipótese mais plausível é de um retorno ao PT, devido a um apelo do próprio Rui.
Antes cogitada, a teoria de ingresso no PSD, embora desejada por Otto, está praticamente refutada. “Pinheiro nunca me procurou sobre o assunto e nem eu o convidei de fato, até porque, ele saiu do PT e veio ser secretário de Rui. Essa manobra, para mim, é indecifrável, do ponto vista político. Acho até que, pela sua história com Rui na construção do PT, o governador pensa em sua volta ao partido”, afirmou o senador à reportagem.
Candidato ou não, Pinheiro já declarou publicamente que deixaria o governo este ano. A “bola de segurança” para a SEC seria a entrega da batuta ao subsecretário Nildon Carlos Santos Pitombo. No entanto, a saída do ex-petista cria outro problema para o governador, pois a sua iminente volta ao Senado deixaria o seu suplente, Roberto Muniz (PP), à deriva.
Ex-secretário de Agricultura de Wagner, o pepista não teria, em tese, perfil para assumir a Educação, mas a Seagri está na cota do PDT. SDE e Seplan estão no horizonte das negociações. Se o PP permanecer no grupo de Rui, o que ainda suscita dúvidas, acomodar Muniz será mais uma peça no quebra-cabeça do chefe do Executivo baiano para a composição da sua chapa.